PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES E MORBIDADE HOSPITALAR PEDIÁTRICA NO SUS

Silvestre Júlio Souza da SILVEIRA, Natalia Kisha Teixeira RIBEIRO, Jullya Alves LOURENÇO

Resumo


A vulnerabilidade e a suscetibilidade das crianças ao adoecimento tornam ímpar o conhecimento dos perfis de internações e morbidade infantis. Traçar esse perfil possibilita o reconhecimento das etiologias mais prevalentes e dos pacientes mais suscetíveis ao adoecimento, além de ainda colaborar para programas de prevenção e tratamento das crianças. Contudo, o Brasil apresenta poucos estudos epidemiológicos sobre o assunto. Ademais, o novo coronavírus 2019 (COVID-19) que assolou a população brasileira em 2020 provocou mudanças notáveis nos atendimentos hospitalares e dos prontos atendimentos. Comparar o perfil epidemiológico das internações e morbidade hospitalar pediátrica no Sistema Único de Saúde (SUS) no período pré e durante a pandemia no estado do Tocantins. Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo e quantitativo, utilizando-se banco de dados secundários coletados por meio do Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A população amostrada foi de 50.274 sendo 28.182 internações hospitalares pediátricas no período pré-pandêmico (2018 e 2019). Em contrapartida, houve apenas 22.092 no período pandêmico (2020 e 2021). As internações hospitalares pediátricas no SUS obtiveram maior incidência no sexo masculino, nos indivíduos menores de 1 ano e nos pacientes pardos em todo o período analisado. O caráter dos atendimentos das hospitalizações pediátricas não variou muito, tanto na pré pandemia quanto na pandemia, maior prevalência de atendimentos de urgência, seguidos por eletivos e outras causas, entretanto, a taxa de atendimentos de urgência no período pandêmico se elevou 2,66%. O perfil das principais doenças das crianças internadas em hospitais do SUS no intervalo de 2018 a 2019 foi predominantemente por doenças do aparelho respiratório com 23,52% dos casos, seguido por afecções do período perinatal com 17,04%. Enquanto, de 2020 a 2021 esse padrão foi alterado com predomínio de hospitalizações por afecções do período perinatal com 22,64%, seguido por lesões, envenenamento e outras consequências de causas externas com 14,59%. No que se refere aos óbitos, no período pandêmico houve maior morbidade quando comparado com o intervalo pré- pandêmico. Houve uma queda das internações durante a pandemia. O perfil clínico das internações também se alterou, reduzindo as internações por infecções respiratórias durante a pandemia. No que diz respeito a permanência hospitalar, o período pré-pandêmico e pandêmico apresentou médias semelhantes, no entanto, a morbidade foi maior durante a pandemia. Espera-se que o presente estudo auxilie no desenvolvimento de ações e intervenções mais direcionadas na prevenção e promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida de crianças.


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