PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES E MORBIDADE HOSPITALAR PEDIÁTRICA NO SUS
Resumo
A vulnerabilidade e a suscetibilidade das crianças ao adoecimento tornam ímpar o conhecimento dos perfis de internações e morbidade infantis. Traçar esse perfil possibilita o reconhecimento das etiologias mais prevalentes e dos pacientes mais suscetíveis ao adoecimento, além de ainda colaborar para programas de prevenção e tratamento das crianças. Contudo, o Brasil apresenta poucos estudos epidemiológicos sobre o assunto. Ademais, o novo coronavírus 2019 (COVID-19) que assolou a população brasileira em 2020 provocou mudanças notáveis nos atendimentos hospitalares e dos prontos atendimentos. Comparar o perfil epidemiológico das internações e morbidade hospitalar pediátrica no Sistema Único de Saúde (SUS) no período pré e durante a pandemia no estado do Tocantins. Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo e quantitativo, utilizando-se banco de dados secundários coletados por meio do Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A população amostrada foi de 50.274 sendo 28.182 internações hospitalares pediátricas no período pré-pandêmico (2018 e 2019). Em contrapartida, houve apenas 22.092 no período pandêmico (2020 e 2021). As internações hospitalares pediátricas no SUS obtiveram maior incidência no sexo masculino, nos indivíduos menores de 1 ano e nos pacientes pardos em todo o período analisado. O caráter dos atendimentos das hospitalizações pediátricas não variou muito, tanto na pré pandemia quanto na pandemia, maior prevalência de atendimentos de urgência, seguidos por eletivos e outras causas, entretanto, a taxa de atendimentos de urgência no período pandêmico se elevou 2,66%. O perfil das principais doenças das crianças internadas em hospitais do SUS no intervalo de 2018 a 2019 foi predominantemente por doenças do aparelho respiratório com 23,52% dos casos, seguido por afecções do período perinatal com 17,04%. Enquanto, de 2020 a 2021 esse padrão foi alterado com predomínio de hospitalizações por afecções do período perinatal com 22,64%, seguido por lesões, envenenamento e outras consequências de causas externas com 14,59%. No que se refere aos óbitos, no período pandêmico houve maior morbidade quando comparado com o intervalo pré- pandêmico. Houve uma queda das internações durante a pandemia. O perfil clínico das internações também se alterou, reduzindo as internações por infecções respiratórias durante a pandemia. No que diz respeito a permanência hospitalar, o período pré-pandêmico e pandêmico apresentou médias semelhantes, no entanto, a morbidade foi maior durante a pandemia. Espera-se que o presente estudo auxilie no desenvolvimento de ações e intervenções mais direcionadas na prevenção e promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida de crianças.
Texto completo:
PDFReferências
ARAÚJO, Danielle Mendonça et al. Perfil dos pacientes pediátricos avaliados pela residência multiprofissional em um hospital universitário. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, v. 3, n. 3, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.18554/refacs.v3i3.1241. Acesso em 01 Ago. de 2022.
ARAÚJO, VERÔNICA L. L. et al. Causas de internação hospitalar das crianças de 0 a 9 anos no estado do Piauí: análise descritiva. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research - BJSCR, v. 27, n. 2, p. 20-24, 2019. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20190704_104645.pdf Acesso em 25 de jul. de 2022.
BARBOSA, S. F. A. et al. Perfil das crianças internadas na Unidade de Pediatria de um Hospital Universitário de Minas Gerais: um estudo comparativo. Temas em Saúde, v. 20, n. 2, 2020. Disponível em: https://temasemsaude.com/wpcontent/uploads/2020/04/20. Acesso em 02 de Ago. de 2022.
CIACCHINI, B. et al. Reluctance to seek pediatric care during the COVID-19 pandemic and the risks of delayed diagnosis. Ital J Pediatr, v. 46, n. 1, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30627-9 Acesso em 25 de jul. de 2022.
DE SOUSA, RAISA G.; GIULIANI, LIANE DE R. Análise do perfil clínico-epidemiológico da enfermaria pediátrica do Hospital Universitário de Campos Grande/MS. PECIBES, v. 02, p. 15-37, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/pecibes/article/view/12247/8499 Acesso em 27 de jul. de 2022.
EAMES, K. T. A influência do tempo de férias escolares no impacto da epidemia. Epidermiology e Infection, v. 142, n. 9. p. 1963-1971, 2014. Disponível em: http://ovidsp.ovid.com/ovidweb.cgi?T=JS&CSC=Y&NEWS=N&PAGE=fulltext&AN=00 003688-201409000-00019&D=ovft. Acesso em 02 de Ago. de 2022.
EARN, D. J. et al. Efeitos do fechamento escolar na incidência de gripe pandêmica em Alberta, Canadá. Annals of Internal Medicine, v. 156, n. 3. p. 173-181, 2012. Disponível em:http://ovidsp.ovid.com/ovidweb.cgi?T=JS&CSC=Y&NEWS=N&PAGE=fulltext&AN =00000605-201202070-00005&D=ovft. Acesso em 02 de Ago. de 2022.
JR, JOSÉ L. S. et al. Impacto da pandemia da COVID-19 no volume de atendimento no pronto atendimento: experiência de um centro de referência no Brasil. Einstein (São Paulo), v. 19, p. 1-5, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/eins/a/vW6GswNyLwRYh39WzCx7K7p/?format=pdf〈 =pt Acesso em 25 de jul. de 2022.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
JNT - Facit Business and Technology Journal
ISSN 2526-4281