POR UMA PEDAGOGIA FEMINISTA – DA ESTRUTURA À RESISTÊNCIA

Regis Glauciane Santos de SOUZA

Resumo


A proposta deste artigo é problematizar o histórico da institucionalização do ensino brasileiro e as oportunidades educacionais na perspectiva de gênero, denunciado as desigualdades e as injustiças reveladas nas escolas, semeadas nos currículos pelas políticas educacionais, que, por tradição, mantiveram padrões culturais de exclusão social sobre indivíduos e seus corpos, sobretudo, de mulheres e negros nos sistemas escolares, conservando ideologias sexistas, patriarcalistas e controlando o poder de acesso ao conhecimento. Sublinho, no transcorrer da história, as lutas das mulheres e suas conquistas para a inserção à educação formal sob o olhar do ‘hiato de gênero’ nos espaços de ensino, abordando as múltiplas leituras sobre dados estatísticos e o contexto histórico de mudanças na superação das desigualdades no acesso e, especialmente, os desafios para o seu progresso. A realização do estudo possibilitou compreender que a educação brasileira, nesse sentido, historicamente, se configurou como uma barreira sexuada ao desenvolvimento de meninas, moças e mulheres e, mais atualmente, como um espaço de luta por direitos igualitários na perspectiva da justiça social de gênero e suas interações interseccionais. Neste trabalho, apresento ainda, uma contribuição para a condução de uma pedagogia feminista, por considerar que seja este o caminho para a superação das desigualdades sociais e, neste particular, para a garantia da equidade entre todos e todas na educação, a partir de uma experiência concreta realizada numa escola pública de Salvador-BA, com estratégias metodológicas e ações pedagógicas voltadas para o empoderamento das mulheres.

Palavras-chave: Institucionalização do ensino brasileiro. Processos de exclusão. Políticas educacionais. Pedagogias Feministas.


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