VULNERABILIDADE EM SAÚDE BUCAL: AUSÊNCIA DE FLÚOR NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO EM UMA COMUNIDADE REMANESCENTE QUILOMBOLA

Jéssica Guimarães DIAS, Bruno Lopes PEREIRA, Priciane Correa RIBEIRO

Resumo


É de conhecimento comum, entre os profissionais da área, a necessidade da presença continua de flúor durante a mineralização do dente para lhe conferir maior resistência à superfície do esmalte dentário, sendo a floretação da água de consumo a forma mais simples para prevenir a cárie dentária a nível populacional, e que ainda se encontra amparada na legislação brasileira (Lei nº 6.050/1974). Através deste estudo objetivamos refletir as vulnerabilidades presentes na Comunidade Remanescente Quilombola de Cocalinho em Santa Fé do Araguaia – Tocantins - que determinam riscos à má saúde bucal na sua população. A pesquisa foi documental, com levantamento de dados secundários e indagações in loco. Os dados do Serviço Autônomo de Água e Esgoto, SAAE, indicaram a precariedade do tratamento da água de abastecimento público da comunidade, contando apenas com cloração e não fluoretação. Os indicadores do Ministério da Saúde mostraram baixo investimento com assistência social e uma proporção de dentistas inferior ao recomentado pela Organização Mundial de Saúde, apenas 0,3 por 1.000 habitantes; esta precariedade refletiu no aumento do Índice de Vulnerabilidade Social (IVS=0,435) em relação à média do estado (IVS=0,336) e no baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município em estudo, que foi de 0,616. Concluímos que a comunidade quilombola rural de Cocalinho está desassistida dos benefícios advindos da água de abastecimento público fluoretada e da assistência odontológica preventiva, permitindo antever um aumento do risco do desenvolvimento de doença bucal nesta população.


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