SOCIOLINGUISTICA VARIACIONISTA: DOS MEANDROS SOCIAIS À LÍNGUA EM SITUAÇÃO DE USO
Resumo
Este artigo aborda os meandros sociais das Variações Linguísticas, vistas como diferentes formas de se dizer uma mesma coisa, resultado da inventividade dos falantes no seio de uma comunidade de fala, configurando-se tanto como produto, quanto veículo de afirmação cultural. O objetivo foi estudar a língua em situação de uso a partir das teorias da Sociolinguística Variacionaista, e identificar o preconceito linguístico como algo intencional, revelando sua conotação pedagógicoideológica. Os procedimentos metodológicos, numa concepção interdisciplinar, efetivou-se a partir dos critérios das pesquisas bibliográfica e teórica, quando se realizou uma revisão da literatura atinente ao tema, em publicações nacionais e internacionais utilizando bases de dados. A ênfase deu-se nos estudos de (LABOV, 1978, 2003, 2008; BORTONI-RICARDO, 2005, 2010, 2014; TARALLO, 2007; BAGNO, 2011; ALMEIDA, 2015; ALMEIDA ET ALL, 2017). Estudou-se, também, os
Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs para entender a sociolinguística no âmbito educacional. Permitiu-se identificar que a sociolinguística aplicada na educação é um importante instrumento para enfrentar o preconceito linguístico; que o preconceito linguístico não somente existe,
como é produto e subproduto de uma sustentação pedagógico-ideológica que tem seus agentes disseminados também na escola; perceber que este preconceito gera uma violência simbólica (ou é gerado por ela) e a partir da imposição da Norma Padrão da Língua Portuguesa; conceituar violência simbólica e sua materialização no seio de uma comunidade de fala; entender a Norma Padrão como uma escolha ideológica consciente; revelar a importância da sociolinguística para o ensino; que existe uma dicotomia entre teoria e a prática no Ensino de Linguística, seja pelas históricas lacunas nos livros didáticos, seja por equívocos pedagógicos. Por fim, percebe-se os estudos da sociolinguística como forma de enfrentamento dessa situação, ao mesmo tempo em que propaga sua relevância no cenário acadêmico-educacional, atuando como possibilidade real de confrontar o determinismo linguístico, resultado das relações de poder em comunidades linguísticas e sociais.
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